Andar de bicicleta é contagioso. Descobri este facto da vida durante as férias na Holanda. Não sou pessoa muito dada a grandes veleidades "ciclísticas"; a minha bicicleta está comodamente parada na arrecadação a maior parte do ano.
Até que aluguei uma bicicleta em Amesterdão. Confesso que as leis que regem o meu mundo da mobilidade tremeram.
Em Amesterdão, a prioridade é para as bicicletas, não para os automóveis (nem para os peões...); há bicicletas de todos os feitios, velhas e novas, com flores de plástico a enfeitar o guiador, cestos de verga ou malas de plástico para carregar as compras ou outros bens essenciais à vida. Fala-se ao telemóvel enquanto se dá aos pedais, leva-se um amigo à pendura atrás ou um cão no cesto da frente. Passam centenas de bicicletas como um enxame de abelhas perante o caminhar dos mais incautos e distraídos. É o reino das duas rodas. Pistas cicláveis cobrem a cidade como um rendilhado que nunca se enreda.
Primeiro pasma-se, depois aprecia-se, finalmente apetece-se. A seguir experimenta-se, só por um bocadinho. Depois o gosto fica; vai-se mais longe, para lá da fronteira da cidade e até aos campos planos onde pastam vacas e cavalos. E quando chega a hora da partida, o gosto segue agarrado às malas e aterra em Lisboa.
Hoje "desacomodei" a minha bicicleta da arrecadação. Parece-me que os seus dias de descanso chegaram ao fim.
Quinta do Sargaçal 2003-2020
Há 4 anos
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