Foi um fim de tarde diferente. Durante cerca de 40 minutos, dezenas de pessoas ouviram falar sobre uma nova forma de pensar a sustentabilidade. Timothy O'Riordan não falou da necessidade de poupar electricidade nem da reciclagem. Foi ao fundo de uma crise que é mais humana do que ambiental. Falou desta era de transição para um mundo mais sustentável, numa época em que a
Terra já não é assim tão natural. Dos "
tipping elements" - sistemas naturais que podem entrar em colapso. De como nos devemos comprometer uns com os outros e com a Natureza. Da necessidade de redefinirmos os nossos conceitos de segurança e de felicidade. De ter tempo para pensar, para sentir que fazemos parte de algo, para criarmos uma nova forma de pensar e não darmos nada como garantido. Da responsabilidade que temos para connosco e com os outros. De como ser sustentável pode ser empolgante. De ser altruísta. De agirmos porque gostamos e não porque somos obrigados a isso. Da importância de saber mais coisas para perceber melhor o que estamos a fazer. De escolas como laboratórios de sustentabilidade. De ter um contacto directo com a Natureza, todos os dias. De olhar para o céu. De como é bom sermos criativos e inovadores.
Só deixou um apelo: que amanhã acordemos com um pensamento novo.
As suas palavras deram alento: um pouco por Portugal há pessoas a agir. Isso inspira. São as flores no deserto.
Nota: Timothy O'Riordan é professor da Universidade de East Anglia e participou na conferência "Preparando a Sociedade e o Ambiente para a Sobrevivência Global", na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.